Indignação
Metalúrgicos protestam contra demissões e reivindicam limpeza da P-32
Resíduos de querosene naval e gás impedem a realização do serviço devido a periculosidade; plataforma está parada há três meses no Porto de Rio Grande
Foto: Divulgação - DP - Funcionários querem resposta da Petrobras
Na manhã desta terça-feira (9), os trabalhadores destinados ao descomissionamento da plataforma P-32 realizaram mais uma mobilização contra a possibilidade de novas demissões e em repúdio ao envio da embarcação pela Petrobras com resíduos de petróleo e gás nos tanques. Ao bloquearem a BR-392, os manifestantes exigiam uma solução. Desde janeiro, a estrutura está parada no Estaleiro devido ao impasse quanto à limpeza dos químicos, revertendo o que era para ser uma oportunidade de novos empregos em desligamentos. Até o momento, oito metalúrgicos já foram demitidos.
Durante o protesto, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Metalúrgicas e de Material Elétrico de Rio Grande e São José do Norte (Stimmerg), Benito Gonçalves, chegou a amarrar-se em frente ao portão de acesso ao Estaleiro exigindo uma solução ao impasse para a Ecovix. Conforme a categoria, o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) estabeleceu a necessidade de um acordo entre a Gerdau, proprietária da P-32 e a Petrobras, o que teria que ocorrer nos próximos sete dias para evitar mais demissões pela proprietária do Estaleiro.
"O produto que está dentro dela não é da Gerdau, é da Petrobras, ela vendeu com o certificado free for fire, pronta para o descarte, mas na verdade o atestado é frio porque ela veio cheia de produto", ressalta Gonçalves. No entanto, o representante aponta que a Ecovix estaria demitindo os metalúrgicos para pressionar a petroleira. "Na realidade eles largaram um lixo químico aqui em Rio Grande e ao invés de contratar estão demitindo. Eles eram do quadro funcional da Ecovix, eles estão demitindo pessoas que não tem nada a ver com a 32".
Devido a mobilização, representantes da Gerdau e da Petrobras teriam se reunido durante a tarde com a Ecovix para debater a realização da limpeza. O presidente do Stimmerg diz que agora o sindicato "está no aguardo das tratativas e de uma manifestação da Ecovix".
A situação
Quando os metalúrgicos retornaram das férias coletivas em janeiro para o desmanche da P-32, o sindicato descobriu que na estrutura havia "querosene naval, gás e água oleosa", após uma funcionária passar por um mal estar. Com o perigo de explosão durante o corte do aço, os trabalhos foram suspensos. "Esse diesel pode explodir e matar mais de 500 pessoas, nós avisamos o Ministério [Público] do Trabalho e estamos nesse impasse", diz Gonçalves.
Anunciada como a primeira plataforma da Petrobrás a passar pelo modelo inovador de reciclagem verde, com as práticas ASG (Ambiental, Social e Governança) envolvendo desde as etapas iniciais de desmontagem até a destinação final dos resíduos de aço, a P-32 pode ter se tornado um risco ao meio ambiente de Rio Grande. Conforme relato do presidente do Stimmerg, há o risco de vazamento dos resíduos para o mar. "Se essa água vazar e cair no canal é uma mortandade de peixe imensa, vai prejudicar a vida dos pescadores de uma cidade pesqueira".
Com a chegada em dezembro ao Porto de Rio Grande, o descomissionamento da plataforma P-32 trazia também a possibilidade de ocupação de mais 500 trabalhadores, assim como mais desenvolvimento da indústria local e das atividades na região portuária. Três meses depois, a estrutura que foi adquirida da Petrobras pela Gerdau, empresa que contratou a Ecovix para a execução dos descomissionamento, continua parada.
Manifestação das partes
Questionada pela reportagem, a assessoria de comunicação da Ecovix informou que a empresa não irá se manifestar devido a questões contratuais. Já em nota, a Gerdau afirma que: "todas as providências que lhe competem desde a aquisição da Plataforma P-32 foram e estão sendo feitas dentro dos preceitos e limites legais, respeitando, sempre, seu compromisso constante com o meio ambiente e a saúde e segurança de seus colaboradores, prestadores de serviço e sociedade. Declara, ainda, que está atuando incessantemente para retomada das atividades de desmantelamento, no menor tempo possível, dentro das condições previstas no leilão".
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